Acredito piamente que perante este tipo de perguntas de um ser inculto e
sem pergaminhos académicos socialmente aceites, alguns dirão que perdi o senso
de vez. Já acontecia antes às vezes ser provocador. Outras vezes a irreverência
fazia-me contestar o status quo e consequentemente pagar caro, e arranjar
inimigos. Hoje, interrogar-me, assim, em público, sobre o fim de uma ciência
que já foi mãe de todas as outras e tem milénios de reflexões e sabedoria sobre
questões tão essenciais à vida como a felicidade, a ética, a moral, a justiça,
o conhecimento, a estética, o pensamento, parece, e aceito, uma autêntica
blasfémia, que só pode perceber-se vinda de um tonto feito intelectual, de um
simplório que se imagina erudito, e de um ignorante que de repente comprou um
curso e é doutor. É exactamente o que parece. Eu próprio ( e tal deusa que amo
já me tinha advertido) sinto que estou submetido a uma insanidade que me vai
levar ao descrédito total, e a uma profunda indiferença dos seres inteligentes,
pensantes, que pululam nesta vida no nosso mundo. E serei um apátrida. Sem
terra. Já não tenho família. E guardo o amor aos meus tendo por base
exactamente a filosofia que venho agora colocar em causa, e Platão que pode
aceitar-se ser o seu fundador, mantendo um amor no mundo das ideias e
impossível naquilo que vemos. Todos os galos, grandes e pequeno, gordos e
magros, sem penas e com penas, aos pulos e sem forças para andar, são a ideia
de galo. Aqueles que amamos, mas nos tratam como se fossemos idiotas profundos,
ou nos devotam uma desumana indiferença, só conseguimos assegurar um amor
intenso, permanente, sem dúvidas nem interrogações, tendo deles a ideia. O
homem está realmente possuído de loucura dirão. Agora ama os que deveria amar
por ideias? Segue a filosofia e o tal Platão e questiona o futuro da ciência
que o norteia? ,Não está bom do juízo. E acredito que não estou. Mas não é
vergonha assumir a nossa pequenez e ter o atrevimento de ter dúvidas, cometer
erros e fazer perguntas. Afinal a ameaçada filosofia assenta exactamente na
dúvida e nas questões. E o pobre homem quer acabar com ela. Existe
racionalidade em tal inquietação mental? Pode jogar-se no caixote do lixo de
uma vez uma ciência que já foi todo o conhecimento? A estas interrogações diria
a FILOSOFIA será sempre essencial, e estará presente nas nossas vidas, nas
reflexões que fazemos sobre o mundo e a vida, e sobre o que é preciso para ser
feliz. Mas a Filosofia como um verdadeiro vulcão foi catapultando do seu interior
a sabedoria e fazendo emergia, e libertar novas ciências; a matemática, a
medicina, a astrologia, a geometria, as artes, e ultimamente libertou a
psicologia e a sociologia. A mãe de todo o saber, de tanto expelir novas
ciências que autonomizadas se desenvolveram e criaram sua própria área de
conhecimento, vai-se apagando, como um vulcão em fim de vida. E com a
perspectiva de todo o nosso universo ser questionado com ciências emergentes de
potencial ilimitado, com a revolução que inequivocamente se vai dar no ser
humano, nas sociedades, no mundo e na terra, vamos relegar muitos dos
argumentos que suportam a filosofia, para um plano de um florescente e rico
passado, que não vai perder nunca um historial de como evoluiu o pensamento
humano e como foram desenvolvendo com ele as sociedades, ideias e conceitos
como moral e ética, e influência no direito e outras, mas que necessariamente
podem ser colocadas num paralelismo idêntico à história. Como Ciência histórica
da evolução do pensamento, das ideias... E no seu lugar virá algo tão poderoso
e tão transformador que vai ter um nome novo, e dará origem a ciências novas.
Imaginariamente falando, e admitindo não só a filosofia estar ameaçada, e como
louco assumido que sou, agito tudo, e invento nomes para ciências que vamos ter
em um futuro que ainda será nosso. Ciência quântica, medicina quântica, energia
universal, e muitas outras. A filosofia, não se inquietem os pensadores, vai
continuar como algo que nos deu um ponteiro no caminho e na vida a seguir. Mas
os novos pensamentos já não podem, é da física, entrar dentro de um vulcão
acordado. Apenas num vulcão morto ou adormecido. E a filosofia não vai nem
adormecer nem morrer. Simplesmente outros vulcões vão despertar. O mundo é
mudança. Os filósofos com a complexidade de esgrimir muitas vezes teorias que
ninguém entende, numa linguagem perfeitamente absurda, são também responsáveis
pelo declínio da filosofia e do seu afastamento da realidade e das pessoas. Os
novos pensadores também já não serão filósofos, mas outra coisa qualquer. E o
mundo continuará como a laranjinha, redondinho, a girar no universo. E o homem
a pensar.
Pedro Alcobia da Cruz (um pensador aloucado)