Eu fui a Fátima e comprei lá um Presépio de uma só peça. Ele está na minha sala em lugar de destaque todo o ano.
Para mim o Natal é quase que a redução do amor sem limites a uma encenação comercial, e a uma lavagem rápida de consciências.
Eu não tenho nada de santo, pelo contrário, na minha atribulada vida fui muitíssimo imperfeito e cometi muitos erros. Com a idade fui percebendo, entendendo, e arrependi-me. Foi um processo.
Hoje não tenho raivas nem rancores, nem aos meus inimigos. E os tenho poderosos e em bom número.
Estão nas minhas orações.
Creio que o homem se desviou do caminho e Cristo ensinou tudo, deu tudo, para que o homem na terra encontrasse a felicidade.
A terra não teria nunca de ser o vale de lágrimas nem um local de sofrimento.
Deus é amor, é perdão é dar-mo-nos aos outros. Com amor, não haveria guerras, fome, pobreza, violências, a maior parte das doenças...
Mas o homem preferiu dedicar-se a outros interesses.
Nós temos Deus em nós. Cristo se deu e fez-se homem. Eu o amo profundamente, e deploro como a inteligência e o livre arbítrio afastaram o homem da racionalidade e de ser feliz.
Mais grave ainda, além de andarmos há milénios a destruir-nos, uns contra os outros, sem qualquer justificação aceitável, ainda nos damos ao aberrante sacrilégio de destruirmos com as nossas civilizações e vaidades, a Terra, o lugar maravilhoso, lindo, onde Deus nos veio dizer através de Cristo onde poderíamos ser felizes em liberdade, harmonia e paz.
A terra, a mãe Gaia está moribunda, em agonia.
Natal é sempre que o amor está. Eu amo, sinto o amor, por isso estou cada vez mais longe dos homens e mais próximo de mim e dos animais.
Cada dia que durar gostaria de dar-me aos meus três pilares; amor, justiça e paz.
Os homens mataram Cristo, hoje o matariam de novo, e eu sendo apenas uma simples pessoa um pouco diferente - talvez idealista ou irrealista -, imperfeita, luto com empenho e teimosia pelos sonhos e ideias que acalento.
Os meus inimigos não entendem. Procuram perder-me.
Acho que não têm culpa, e cada vez compreendo melhor a expressão maravilhosa de Jesus "Pai, perdoai-lhes, pois não sabem o que fazem".
Um dia, talvez muito em breve, deixarei de andar aqui. Já vivo na mais completa solidão e abandonado pelos que mais amava. Acho que quando deixar de estar por aqui, estarei onde Deus quiser e a sua vontade será feita.
Vivo à espera desse dia. Sereno, vivo o que terei de viver e irei no tempo certo...
Tenho pena. O mundo podia ser diferente. Os homens podiam dar-se todos e plenamente. Podiamos desconhecer as guerras, as violências, a pobreza, e tantas aberrações que a nossa racionalidade manteve e alimentou.
Todos nós somos culpados da destruição e da violência. E podiamos ser felizes. Uns e os outros. Todos....
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