18 agosto 2017

DELÍRIOS, DEVANEIOS, SONHOS... LOUCURAS E REALIDADES


   A REALIDADE É MUDANÇA...   


  TUDO NASCE DO SONHO EXPLOSIVO  

  QUE A LUTA E A PERSISTÊNCIA CONCRETIZAM  

























Dizem que por vezes o homem delira, devaneia, isto é, consegue ir muito além do que imagina ou que pode pensar, e nessa épica digressão sujeita-se aos encontros mais improváveis, aos caminhos mais esquecidos, às surpresas que o podem tocar em cada instante.

Digamos que os limites que se convencionaram num racionalismo que limita o ser em cada instante são ultrapassados e o homem encontra-se consigo mesmo, e não apenas com a imagem que dele existe, e descobre que existe muitíssimo que parecia não existir, que estava oculto, mas que vai encontrar e dar-lhe a perceber que tudo o que sonhamos e pensamos podemos ter, e muito mais explosivo, percebe que o que desconhece e vai poder ir averiguando paulatinamente, é muito mais do que tudo o que julgava conhecer.

Aí, dá-se uma revolução contra a nossa pequenez, contra todo esse arsenal de regras e factores que nos formataram, e nos obrigaram a ser de um modo, e não do jeito que percebemos podemos ser.

Essa irreverência, é-nos dada pela luz que arde no nosso interior, essa rebeldia é um desafio interior em que a luz nos leva a perceber que tudo está para vir, tudo está nas nossas mãos, e que o Deus que existe em nós, está presente de igual modo em tudo.

E nessa suave e fecunda aventura podemos ir-nos abeirando da nossa realidade e fugirmos de um ser que nos possuía e nos toldava a visão, condicionava os pensamentos, nos entorpecia em sombras e medos, e descobrimos a liberdade, e a responsabilidade acrescida de sermos senhores de nós mesmos e de construirmos o que desejamos ser e ter.

Por tudo isso, se explica que sem um pouco de loucura, que nos permite voar, coube efectivamente aos que ousaram ultrapassar as regras e contestar teorias, a heróica tarefa de transformar o mundo.
Muitos, nesses delírios, nesses sonhos, nesses gritos de batalha, foram escorraçados, espezinhados, humilhados. Alguns perderam tudo, até a vida. Mas o tempo veio provocar impensáveis renascimentos alguns séculos depois.

O que temos por certo hoje, pode ser um castelo de areia daqui a meia dúzia de anos. O passado, o presente e o futuro já foram catalogados por gente da ciência como ilusões. Novas ciências vão aperfeiçoar as que existem ou mesmo afastar para sempre dogmas que pareciam âncoras imortais.
Eu sei que levamos o tempo a tentar justificar tudo. E muito mais quando parece que caminhamos em direcções diferentes ou temos ideias que não parecem acertadas. É um atentado às permanentes mudanças que se dão em tudo o que existe e em nós mesmos termos de nos preocupar em explicar ideias, traduzir sonhos, falar de mundos novos, de renascimentos, de amor, de paz, de justiça.

Hoje, as pessoas são preparadas para fazer alguma coisa, não para questionar as coisas e as suas causas.

O homem é peça de uma engrenagem e deve executar bem o que a sociedade dele quer extrair. Hoje, vivemos num mundo onde sonhar é sinónimo de ausente, de quem anda na lua, onde ter ideias é tornar-se perigoso e desestabilizar a sociedade e o mundo, onde dizer a verdade é um acto de provocação que vai criar de imediato inimigos e perseguições.

Hoje, existem armadilhas sofisticadas, e entre conceitos, entre fanatismos, entre interesses poderosos e uma falta de moral e ética absurdas, o homem perdeu a ideia de honra, a justiça é pouco mais que uma ideia, a democracia é um sistema tão antiquado e a necessitar de reformas que pouco melhor está que o que os gregos conheceram, e o homem continua escravizado, suavemente correndo atrás de cenouras que as modernas políticas nos seus diversos âmbitos, vão colocando à frente do indivíduo, levando-o a correr desalmadamente atrás de uma visão.

Prefiro, quando saio nesse mundo de delírios e sonhos, quando grito e esperneio. Quando me apontam o dedo. Mas, é justamente nesses momentos que não são quantificáveis, e parecem imortais, que sinto a liberdade, o valor de ser homem, e como o mundo poderia ser e não é. Hoje, prefiro fechar os olhos, e deixar de ver, de pensar, de sentir razão ou verdade, prefiro evadir-me para um mundo que existe, pois o conheço dentro de mim e o toco nos meus sonhos.

E se o posso ver e o posso tocar, esse mundo além de imaginável para além de mim, pode ser também, um mundo real, onde o homem e a terra coabitam justamente para o fim absoluto do universo, a realização do homem, a felicidade, a paz e o amor.

A vida tal qual a temos de viver é quase um absurdo.

Depois dela tudo é uma possibilidade.

Pedro Alcobia da Cruz, 2017/08/18 (rascunho)








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