20 junho 2016

ALPENDRADA DO ANTIGO COLÉGIO



CÂMARA MUNICIPAL DE PORTALEGRE




Apesar de se enquadrar tipicamente nas revelações espantosas do absurdo, creio que esta obra, de transformação dos restos que ficaram do Colégio dos Antigos Santos (que não recordo o nome), foi talvez o melhor aproveitamento que já vi nesta cidade de Portalegre.

Falo em absurdo simplesmente porque as obras que se realizam na nossa cidade trazem normalmente o contrário do que deveria ser, quer isto dizer, são obras enganadoras, sem a proporção, sem o respeito pela verdade, levando o incauto de fora e o de dentro, pois por aqui marcha muita gente distraída, a pensar coisas que não correspondem nem de perto nem de longe à realidade.

O edifício da Câmara Municipal de Portalegre tem um tamanho incrivelmente grande, é uma obra imponente, com uma volumetria, uma magnificência que creio está desenquadrada com Portalegre em qualquer dos momentos da sua história, muito mais hoje, que depois de décadas a perder população, a perder empregos, a perder grandes empregadores, caiu a uma pequenez que só não ofende pois as pessoas habituaram-se desde que nasceram à coisa pequena e à pequena coisa.

De todo o modo acho que este aproveitamento dificilmente seria melhor - não sendo transformar o Colégio numa Moderna Universidade de Medicina, que deixámos com a tal pequenez que nos comanda ir para as Beiras, esta foi uma solução aceitável, eficaz, que com a diminuição deste pequeno umbigo, pode amanhã ir-se dividindo em sectores diferenciados. E aproveitou-se uma grande obra que estava praticamente ao abandono faz muitos anos.

Desde que não venham amanhã por falta de dinheiro, desanexar parte do Jardim que perdeu em lugar de passeio e de estacionamento para uma cavaqueira familiar ou de amigos, num mega quiosque chinês ou outra magna ideia do sol nascente que vai deitando a unha a tudo.

Sei que não pertenço à elite de intelectuais da cidade - e ainda bem - que reúnem para anunciar suas ideias e projecções para a cidade, mas correndo o perigo de me chamarem idiota - o que não me perturba absolutamente nada - mas fico atónito, quando se gastaram fortunas para despegar a barracaria de cal e tijolo ou pedra, das oficinas e outros espaços que estavam em frente à muralha que passa por detrás do Museu das Tapeçarias, empedrar de calçada a via, que tanto adora as suspensões dos nossos carros, para dar ar distinto e antigo, e logo em frente se fez uma obra que tapa o trabalho feito. Um óptimo edificio moderno cheio de vidro que deveria ir para outro lado, mas que, as inteligências do regime puseram ali mesmo, quer dizer, estragando o que tanto trabalho e dinheiro se gastou e deu. Ideias de Portalegre. 

Mas percebo a acutilância do golpe de vista com todas estas construções, a cidade cada vez é maior, não tarda chega aos Fortios, às Carreiras, à Ribeira de Nisa, à variante, e as pessoas cada vez são menos. Um ou outro até podem dizer que a cidade se desenvolve. Como cresce? Caramba e ainda dizem mal do interior.



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