26 maio 2016

IMPULSE...


E SE REPENTE

LHE OFERECEREM FLORES?...






"E se de repente alguém lhe oferecer flores? Isso é Impulse..." Esta frase marcou algum tempo um reclame televisivo que se referia a desodorizante ou algo assim de cosmética feminina: E em bom rigor, brincando com as palavras - ninguém se vai zangar seguramente - poderíamos que existe um Impulso quando alguém entrega de repente a uma dama umas bonitas flores. Mas o impulso está associado apenas ao movimento, repentino, que vai suscitar a recepção não premeditada, perante um um gesto que pode também impulsivamente querer traduzir mais que um impulso, um sentimento.

Cresci ouvindo dizer que a uma senhora não se batia nem com uma flor. E nunca bati, nem com uma flor. A mulher era algo intocável, era uma magia na vida social, na vida da família e na vida do lar. Ensinava-ser mesmo certos gestos e atitudes ou comportamentos que o homem educado deveria conhecer e aplicar junto das mulheres. Por exemplo era completamente inaceitável que uma senhora fosse em pé num autocarro e um homem ou um jovem seguisse sentado. Havia de imediato como que uma reprovação social. O homem dava a prioridade à mulher na entrada do restaurante, de uma sala. Era elementar, educação. 

Aprendi que senhora era um ser diferente, representava algo superior e porque não admiti-lo, a mulher - mesmo colocando de lado interpretações sexistas ou demasiado liberais - era a "fada" do lar, a dona da casa, a esposa dedicada, a mãe protectora, a trabalhadora responsável e briosa.

O homem que agredia uma mulher era um cobarde sem vergonha e a sociedade não o valorizava, era gentalha um ser bruto. E a mulher agredida - aí havia uma enorme falha da sociedade também baseada em usos e costumes que vêm de uma triste tradição do passado, era alvo de pena, mas, dizia, como frase indicativa do procedimento perante situações menos boas dentro de um lar, ou no seio da família, que "entre marido e mulher não metas a colher". Essa mulher dificilmente podoa regressar à família original, isto é à casa dos seus pais, que muitas vezes nem aceitavam esse comportamento e a devolviam ao marido. 

Parecia que existiam dois mundos em separado. Um onde existia respeito e educação onde se defendiam comportamentos de deferência e respeito perante a mulher. E, será que podemos ir por aí, admitir que em famílias ou entre comunidades menos cultas o direito do homem sobre a mulher era inquestionável e ninguém interferia.

Hoje sabe-se que o fenómeno da violência doméstica atinge proporções dantescas e é uma realidade que atravessa transversalmente a sociedade. A todo o momento se houve falar que um marido matou a esposa à frente dos filhos, de outro que leva o dia perseguindo a esposa ameaçando, outros que agridem. E pode verificar-se que tudo isto ocorre em todos os estratos sociais. Como exemplo, e logicamente sem tecer juízos pois não conheço pormenores da triste história, um casal conhecidíssimo em Portugal, ela vedeta de televisão e ele filósofo e político, andam em tribunais, ela queixa-se que ainda sente pavor quando o vê. E afirma que ele a agrediu várias vezes. Um filósofo. Pior só mesmo se fosse o Papa Francisco, mas tal não tem esposa, e parece ser gente de humildade, amor e perdão.

Para mim, creio que estas duas realidades, uma a da minha infância e adolescência, em que fui educado com uma moral e um comportamento cívico marcante, e a da idade adulta madura em que se conhecem como realidades costumeiras uma percentagem expressiva de homens que violentam as mulheres e mulheres que fazem o mesmo aos maridos, acreditando que com os novos lares do mesmo sexo, homem bate em homem e mulher em mulher. Uma loucura, não sei se podemos falar que  a educação tem sido descurada com as famílias demasiado ocupadas em resolver os problemas do dia a dia. Com uns pais que não educam nem deixam educar os seus filhos. Hoje, grosso modo, homem e mulher é igual. Para mim tudo isso baralhou a confundiu a minha existência.

Ainda vejo a mulher como ela era considerada quando aprendia a viver em sociedade mas, com efeito tudo mudou. E mudou muita coisa no sentido contraditório e contra a moral, recordo que o homem era um ser sem educação, grosseiro, se entrasse em casas de ver mulher mal vestida. Hoje a mulher vai ver homem e grita, dizem que nem desejo ver, tira, tira, tira. Curiosamente os homens segundo as estatísticas têm deixado de fumar, mas fuma-se o mesmo, a compensação dá-se que cada vez mais à mulheres a fumar. 

A família não tem nada a ver com o que foi. Hoje quem manda numa casa são os filhos. Não respeitam os pais, os tratam grosseiramente, e exigem. Os pais para evitar extremos, guerras e violências, lá seguem fazendo o que os filhos desejam. E os filhos já não procuram estudar, procurar trabalho e casar. Não, esses mandamentos do antigamente não correspondem ao novo padrão de vida, hoje os filhos estudam, calmamente, trocam de cursos, empregam-se ou não, a casa dos pais é acolhedora e eles dão o que faz falta. E qual a ideia de casar, para quê? Não é mais divertido e fácil namorar eternamente, e cada um viver à conta dos pais, e se têm independência individual, em vez da maçada de ter casa, mobílias, filhos, vão levando a vida serenamente, vão levando anos de divertimento, passeiam, viajam, e os pais pagam as contas.

E na minha modesta reflexão que começou com o Impulse das flores, ou da cosmética, acabei fazendo uma digressão que me caracteriza de não calar a boca. No fundo, bem no fundo, queria falar no Impulse e nas flores, porque continuo a pensar que é a combinação perfeita. A mulher a sua sensibilidade e beleza e as flores. E arrisco a crítica; o homem fez-se para a guerra e a mulher para o amor. Por isso nunca pensei poder ter uma guerra com uma senhora, me parece desleal ao meu tempo. Mas está de acordo com o nosso tempo. Que tristeza.





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