30 abril 2016

Ainda existe uma Inquisição?



INQUISIÇÃO DOS NOSSOS TEMPOS




Como pensador atrevo-me a manter essa actividade do meu intelecto absolutamente livre. Até podem me chamar Livre Pensador  que só poderia me sentir bem, pois nada existe de tão importante como a liberdade. E os pensamentos mantêm-se livres mesmo quando o corpo está aprisionado, escravizado, mesmo quando se age condicionadamente e se diz o que obrigam. O pensamento esse, para tristeza de uns assassinos que por aí andam escondidos, ainda não pode ser alvo de grilhetas, de torturas, de sangue derramado. Basta mantê-los pujantes, teimosos, só nossos, isso ainda ninguém consegue controlar. Felizmente.

Coloquei estas fotos, de uma estrela que em alguns contos fantasiosos digo ser minha, ser minha amiga e ser a mensageira que todas as noites leva os meus beijos a uma princesinha que existe numa qualquer ponto desconhecido do Universo.

Felizmente as democracias não se ralam com o que cada um opina, seja em que sector seja do conhecimento. Apenas não apreciam muito a crítica que alguns ousam dedicar aos mais poderosos e governantes. A democracia ainda não é perfeita.

O maior assassino que existe na História do Homem foi uma entidade que surpreendentemente proclama o amor e o perdão, e se diz representante de Deus na terra, refiro-me à Igreja. Roma é responsável por mais mortes juntas que uns tiranos que a história não esqueceu nunca, como: Átila, Nero, Hitler e outros iniciados em comparação com a Igreja.

Hoje que se fala em fanatismos religiosos, em terroristas, bombistas, assassinos que torturam e matam em nome de deuses famintos olhamos incrédulos como essas coisas podem acontecer. Como a inteligência e o bem senso humano é dominado por crenças destruidoras. Deveria, penso eu, ser fácil meter dentro da cabeça o direito que cada um tem em ser pessoa, tendo, deste modo, direitos, liberdades e garantias. A liberdade religiosa é apanágio todo o estado moderno. E cada homem deve reconhecer no seu vizinho o direito de ter um Deus diferente, ou um pensamento distinto, práticas próprias. Apenas se pede em sociedade que cada ser humano possa ser ele mesmo, possa livremente ter a vida que procura e quer, busque a sua felicidade. O único condicionamento aceitável é aceitar as regras e as leis que enquadram a vida em sociedade, e não ser factor de perturbação ou uma violência perigosa.

Eu tenho uma estrela que todas as noites voa alegremente no espaço, e deposita com mil cuidados os milhares de beijinhos que eu lhe envio. Imaginem que tinha dito isto nas ruas de qualquer cidade portuguesa pelo ano de 1500. Era preso, torturado, acabava confessando o que os meus carrascos pretendiam, e acabava assado na fogueira. 

Podem questionar-se porque trago a Inquisição, as estrelas, os fanatismos, as mortes, os assassinos. Simplesmente porque nos meus 60 anos de vida vi muita coisa. Hoje há democracia, há liberdade, há uma Constituição que garante o mínimo de dignidade humana s direitos das pessoas. O mundo mudou. Mas posso assegurar que do mesmo modo que existem selvajarias descontroladas desses fanáticos do Islão, ou lá de que credo são, também existe no ocidente, pastores de Igreja que se pudessem, em nome de Deus, continuariam a querer condicionar as pessoas, a espartilhá-las, e impôr condutas e atitudes, como se de Reis se tratassem.

"Os deuses têm sede" é o nome da obra prima de um prémio Nobel da literatura, Anatola France. Não me vou debruçar sobre o conteúdo do livro, que li faz muitos anos, mas sobre o seu título. É que os deuses não querem nem carne, nem sangue, nem que saiba dançar, ou chorar. Quem quer ir mais longe que o próprio passo são aqueles que na sua pequenez, como se acham representantes do divino, convencem-se, entranha-se neles, como que um poder, que ninguém pode questionar. E se alguém ousar pisar o risco é inimigo. É para abater. E isso existe por detrás de todos os deuses. Homens pequeninos se fazendo de magos. E quanto mais insignificantes mais neles cresce a intolerância e o ódio. E a vontade de castigar, exterminar, 

Até hoje, posso afiançar a quem me lê, o pior olhar que um homem me dirigiu, carregado de ódio, parecendo libertar chispas, foi de um piedoso sacerdote. Porque ousei não seguir o caminho dele e lhe dizer várias vezes o que pensava. Livremente. Fui incauto. Tanta maldade que vi naqueles olhos, nunca pude esquecer. E o homenzinho que apregoa a paz, o amor, o perdão, e tantas maravilhas fez tudo para perder-me. Ainda bem que estamos no nosso tempo. Cuidado.

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