27 abril 2016

DETESTO BÚSSOLA SEM PONTEIRO

PENSADOR

"O pensador é antes de
tudo dinamite, um
aterrorizante explosivo
que põe em perigo o
mundo inteiro"

Nietzsche






Todas as pessoas, ou os povos, no caminho que percorrem rumo a determinado destino futuro, devem possuir um objectivo, e este deve ser claro, por todos assumido e aceite, como estandarte a seguir, permitindo deste modo mobilizar todas as energias para chegar serenamente e com segurança ao norte.

E, para chegar ao ponto cardeal que os chama, e escolheram atingir, que é sinónimo de esperança, de união, e agrega forças - o tal norte - exige-se, no mínimo, a existência de um aparelho cientificamente certificado e que aponte o sentido da marcha, sendo instrumento de comunicação e orientação, seguro, não permitindo assim que o movimento colectivo perca a trajectória correcta.


Podemos questionar se Portugal possuí algum instrumento de orientação, com qualidade e verificado regularmente para que garanta manter-se rigoroso. Portugal possuí alguma bússola?

Se olharmos ao passado glorioso de uma Nação como a nossa, que em 1415 deu o primeiro salto naquilo que hoje consensualmente se chama a globalização - com a conquista de Ceuta no Norte de África, e depois com suas naus e caravelas que foram mares fora, encontrando novos mundos, pela África rumo a sul, rumo ao intransponível Adamastor, que depois de vencido é conhecido por Cabo da Boa Esperança, e seguiu imparável a costa oriental da África até à Índia, `Malásia, à China. Um entendido em assuntos náuticos e na história da instrumentação de orientação assegurará sem qualquer dúvida e poderá responder com conhecimento e exactidão que Portugal teria imensas bússolas. Rigorosas, Certas. Que guiaram um pequeno povo a feitos grandiosos.


Portugal possuí alguma bússola? Faço esta questão olhando o quotidiano, olhando o dia de hoje e um punhado largo de anos atrás. E até tenho de admitir que o que não deve faltar é termos uma bússola. Admito que sim. Mesmo que desconheça alguma coisa, algum ponto cardeal que mobilize o povo português.

Nos nossos dias os representantes do povo, diz-se (embora tenha dúvidas se isso existe),enquanto eleitos na Assembleia da República, e assentes no sistema de democracia parlamentar representativa, têm como missão primacial representar os que os elegem, tendo para isso, e na medida estrita de honra e respeito, cumprir as promessas espalhadas para com aqueles que aprovando tais palavras os colocaram no comando do país.


Foram esses que indicaram os objectivos, as metas, o rumo, e então, correspondendo ao que acordaram como compromisso com os eleitores, e os portugueses em geral, levam o povo, no nobre trajecto rumo ao ponto cardeal que todos levantaram.

Infelizmente, o que se tem visto, e ameaçadoramente coloca em causa essa "léria" da democracia representativa, é que apanhados nas cadeiras do poder, o que tem acontecido com a certeza de um relógio suíço, é os governantes e os representantes que sustentam os primeiros, acabam por fazer tudo ao contrário do que havia sido acordado e prometido.


(Na minha modesta opinião que sou pouco culto, não possuo conhecimentos sólidos para fazer juízos de valor sobre gente grada, mesmo que mentirosa, fazendo o contrário do que foi acordado, além de estarmos perante trapaças, aldrabices, actos sem honra, sem seriedade, estamos perante a quebra de um acordo e, existindo essa gritante desconformidade, existiriam razões sérias para a imediata queda dos governos, por falta de verdade, por falta de honra, por enganar os portugueses.)

Mentem dizem uns, outros que não há vergonha. Outros revoltam-se. A maior parte das pessoas nem sequer confia já em ninguém. Imaginem se os grandes da governação, senhores doutores e engenheiros de diploma merecido (pensa o pequeno) mentem com todos os dentes que têm na cara, o que será no "pópulo minuto"? Isto virou um reinado de gente baixa, sem escrúpulos, doutorados na pantomina e na palhaçada. O mundo observa e ri. Rir ainda não tem imposto? Podemos rir também?


Podíamos dizer que o nosso rumo é um corso carnavalesco, mas não convêm meter em assuntos políticos o tema Carnaval que já queimou dois sujeitos que puseram os portugueses a trabalhar nesse dia. é assunto pantanoso. É que no meio da infelicidade o povo tem de facto direito a uns dias de gozo, de esquecer que é enganado todo o ano, é roubado a cada esquina. Merece um dia para esquecer a verdade. Que é bem triste.

Mas não divagando - quem pensa muito escreve demais - fico espantado com a justificação que cada governo que por norma desgoverna, além de fazer o contrário do que prometeu, e todos prometem igual, o céu e a terra, para acabar sempre saindo sem honra nem glória, e deixando o país sempre pior. E, assim se verifica a veracidade da justificação como tentei explicar de cada governo ao trocar as voltas aos eleitores e tudo fazerem ao contrário; a culpa foi do governo anterior.


Inteligente fundamentação. Pois é realista. Os governos passam, o desgoverno segue em frente, e o país continua a afundar-se. E assim segue o mundo. Nenhum político que me tenha apercebido foi chamado aprestar contas, são irresponsáveis pela lei, e sempre os espera mais ano menos ano, um colar para colocar em lugar de boa visão na sala da casa.

Cada dia devemos mais. E andamos em austeridade faz qualquer coisa como uma década. Paras os apostadores e gente de bom senso é certo e sabido que daqui a 10 anos vamos estar bem piores que hoje. A nossa militância é ser caloteiros. Indefinidamente


Voltando aonde queria chegar quando comecei este folhetim, todos os que nos têm "governado", não conseguem localizar o caminho do nosso Norte. E lá vamos aos solavancos.

Enquanto aguardamos que algum inteligente que seja português (e não tenha abandonado o território nacional a tempo e horas) , se lembre de pedir um empréstimo a um Banco estrangeiro (os nacionais mesmo explorando os depositantes estão falidos) para comprar um ponteiro milagroso que se possa colocar na nossa bússola que está amputada faz tanto tempo, sem agulhinha giratória, sem indicação do ponto onde todos um dia vamos querer chegar.


Feita a compra e tentando não faltar ao seu pagamento, nunca mais nos encontramos se temos de devolver nossa honra, resta-nos esperar e ter confiança. E ter ponteiro.


Fotos by Pedro Alcobia da Cruz, Estação da Campanhã, Porto

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