13 fevereiro 2012

Ontem,... vi o mar





Estive alguns dias ausente. Passava por aqui apenas, mas confesso, nunca senti ânimo suficiente, capaz de me fazer sair de uma cinzenta letargia, e assim, fui incapaz de criar fosse o que fosse, não sabia escrever, não podia comunicar. Estive neutralizado, embalado numa monotonia desinspiradora, dias e dias, e posso mesmo afirmar, não caindo em equívoco nem temendo faltar à verdade, nem mesmo nas noites frias, deste teimoso e gelado inverno europeu, pude sentir, nem por breve momento, a breve carícia, feliz e aconchegadora, de um sonho.

Mas ontem, curiosamente, e fruto e uma verdadeira fantasia tornada realidade, despertei de novo para o mundo e para a vida.

O azul do mar, o céu, a imensidão dos oceanos e a pequenez do mundo, o sol doirado, as estrelas, tudo voltou a estar presente em mim.

A minha estrelinha - dizem alguns que a imagino num delírio que já tomou posse de mim e não tem cura - voltou a brilhar, voltou a visitar-me , e as suas milhentas e alegres cores, catapultadas em todas as direcções, derivado dos seus movimentos incrivelmente rápidos e rodopios, com que ela manifesta o seu contentamento, encheu-me o coração de uma renovada alegria.

O mar, essa mancha maravilhosa e sem fim, de um azul inacreditavelmente belo, sempre em movimento, bailando, num abraço interminável com o céu, voltou a tocar os meus pés, na praia, no princípio e no fim, que me leva à mais gostosa fantasia. Ele não é mais a separação, a barreira, algo que parece intransponível, e está no meio, mas se afigura muito mais como uma janela aberta, permitindo que através dela, e fazendo sentir tudo isso, posso vislumbrar o sonho que permanece, e existe, do outro lado do mundo.

Esse sonho, esse espaço sem quaisquer limites que se estende da imaginação ao ser, se afirma de novo como algo que existe, e que é possível.

Depois de uns dias em que parecia hibernado das coisas e do mundo, do que é, ontem voltei a sentir que continuo vivo. Que o mundo não é um enorme imaginário de desgraças sem fim, nem a vida uma condenação perpétua a que ninguém pode fugir. Ontem vi-te, e tal como no conto de fadas da nossa infância, o simples olhar-te, fez-me acordar, sendo que, nesse despertar pude ver que a felicidade é possivel, em cada dia, e que o futuro existe, cada vez que sonhamos.

Ontem acordei. E ao contrário do que nos parece dizer a realidade dos factos da nossa existência, deixei um pesadelo em que parecia condenado a viver, para entrar em numa nova esperança, uma nova etapa, ou novo rumo, onde, curiosamente, a realidade mais parece um sonho.

Ontem, estive contigo. Vi o mar, escutei o son das águas, olhei o céu. Vi as estrelas brilahndo no firmamento. Ontem a minha estrelinha voltou a estar comigo.

Ontem, olhei ao longe, e pude ver-te. Com o olhar, em ti, despertei, e abrindo os olhos, e sentindo de novo, penetrei intensamente num sonho muito belo. Vi o mar... ontem.





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