31 agosto 2009

Mudam-se os tempos e muda-se...




Mudam-se os tempos e muda-se, desassossegadamente
As mil vontades que a gente tem de correr, sem parar,
Rumo a um futuro tornado incerto, cada vez mais,
Atrofiado, hesitante, emparedado entre as recordações
E o receio de partir, sem saber bem como, e menos,
Ou mais, para onde, e se tudo acaba ou começa.

Mudam-se os tempos e muda-se, súbita, a força
De partir e mais a força de chegar, sem que se saiba
Por certo, qual a medida certa da viagem, e donde,
O apeadeiro, onde temos de parar, a tomar forças
P`rá jornada que julgamos viver em cada dia

Mudam-se os tempos e muda-se, a cor, a luz
Entre os ramos do arvoredo cada vez mais denso
Emergem, entre folhas e ramagens, tímidas estrelinhas
De raios, mortiços, que se recolhem, no escuro

Mudam-se os tempos e muda-se, a palavra, o verbo
Não só os passos se desviam como a vereda vagueia
Saltitante, busca novos poisos, à descoberta

Mudam-se os tempos, virando bom o que foi mau
Muda-se a comédia para virtude, a coisa para o sonho

Mudam-se os tempos, muda-se a vida, muda





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