27 julho 2009

Lugar mágico




Lugar mágico

Sinto que existe,
é real, lindo, tranquilo, com sol
está… e é o meu lugar
a parte de mundo que preciso,
o mundo que quero
para mim, para ti,
para ti que amo e que quero,
bem juntinha, ao meu lado.
É o porto seguro para ancorar
o veleiro viajante que trago
nos meus pensamentos.
É praia, são milhões e muito mais
conjuntos harmoniosos de areias,
mantas de ternura, branquinha,
em ondinhas de pequenos desertos
leves e suaves, onde o calor e a luz
tornam escaldante as entregas
que o amor agita.

É o lugar mágico que invento
que crio em cada minuto que vivo
que pinto em cada quadro que imagino
que existe nas músicas
intensas, arrebatadoras, que ouço,
quando te penso
é ele, ali, contigo, estás lá,
a sereia das noites de lua cheia
que navega entre salpicos de estrelas
e a encosta suave que vem docemente
beijar o mar, entre espumas e salpicos
na praia.

É esse o espaço de ilusão
onde cada vez mais me desejo perder
onde, molhando os pés, caminho,
no areal húmido e fresco da praia
enquanto o sol que se esconde tímido
detrás das encostas enfeitadas de verdura
explodindo cores intensas e rebeldes
de protesto, de lutas e de invejas
de amareladas e vermelhas brigas
promete novos e atrevidos olhares
em cada manhã

É esse o meu mundo novo
que sinto existir em qualquer lugar
e é meu, é aventura e magia
é onde corro à beira do mar
nú, calcando provocadoramente
em pulos de posse e usufruto
de ser e ter, tudo, o que existe
e que não estando, sinto estar,
transformando as pegadas em selos
marcas, títulos, donde brotam alegrias
cantos, e se mostram certezas de existir
nas verdades espelhadas
nas estrelas do céu.

Da coisa nenhuma, viva em mim,
de já não existir ou querer seguir
os rumos das tragédias visíveis em redor
que mais parecem recusa decadente
numa verdade onde as cores perdem força
a luz perde o brilho a cada instante
já não se ama, não se faz gente
não se baila, não se fala com deuses
nem se dá as mãos ao que junto caminha
espera-se vivo, ou existindo, apenas,
numa solidão desgastante, de cada um
consigo mesmo e com todos os demais
a sobrevivência, o dia que vem,
o dia do fim, próximo, cada vez mais,
e ela virá, a morte, de foice na mão
gadanhando esperanças, envenenando,
destruindo e deitando à fome,
com desnorteados cavaleiros possessos
de um apocalipse anunciado
levando a morrer quem não viveu ainda

Tenho-te bem à frente dos meus olhos
espaço quimérico de ilusão gigante
onde se misturam as areias claras
as águas ondulantes do mar
a encosta polvilhada de árvores e flores
e o castelo erguido no cume
tocando o céu, em cima das nuvens

Estás aí, meu mundo mágico, que existe
que vejo preguiçosamente acordando
em cada dia, para viver sem sobressaltos
até ao regresso enciumado do sol
ao seu reino de fantasias, e durmo
tranquilo, por fim, depois de desfrutar,
completos momentos, bailando, cantando,
instantes de êxtase, pulando,
sendo eu, olhando para mim, para ti,
a sereia que me visita em cada noite
com lua cheia, e às escondidas me beija,
quando a escuridão afaga carinhosamente,
em ondas de ilusão, vagas de carícias
e em beijos suculentos de ternura,
o corpo uno que juntos formamos.

Ali, do outro lado do que existe,
encostado ao mar de encantos
tocado ao de leve por ventos suaves
estás, sempre, sinto, vejo,
me esperas, me envolves, me dás vida
lugar de magia, sitio de sonho,
onde o castelinho feito de ar e de luz
toca o sol em cada abraço,
e o saúda alegremente,
num toque maravilhoso de mágica
em cada manhã.


Pedro Alcobia da Cruz, 2009/07/26







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