27 junho 2009

Olha o passarinhooooooooooooo…………….



O mundo tem destas coisas. Estranhas. É assim a vida, composta por encontros e desencontros. Imprevisível. E, em boa verdade, tais ocorrências podem mesmo, marcar para todo o sempre a vida do indivíduo.

Depois de alguns encontros, a história da humanidade muda de rumo, projecta-se noutra direcção, arrastando povos e mundos. Foi assim com Cleópatra e Júlio César, encontraram-se e foi o que se viu. E tanto mais ocorreu, mundo fora, em todo o tempo e por todo o lugar onde existe gente.




Bem o caso que trago hoje a este destacadíssimo blogue, só para aqui interessa porque, em boa verdade, vejamos, uma vez indo eu a caminho, sem norte, para os lados de Peniche, encontrei umas estranhas pessoas fazendo surpreendentes rituais em delírio à frente do Forte de tão amarga história, junto ao mar, mais acima e mais abaixo… de um para o outro lado, ora fora ora dentro.

Eu, que nunca é de mais dizer, não gosto que me façam o ninho detrás da orelha fiquei imediatamente de prevenção.




Uma moça, buééé´´eé´´eé´da alta, que se me afigurou péssima companhia para ajudar na apanha dos figos, com aquela altura já se vê depressa comeria os melhores, punha-se nas mais disparatadas posições, enquanto una baixinha a puxar para o largo apontava com um objecto estranho em sua direcção, parecendo mesmo olhar para o seu interior.

Bruxarias pensei de imediato, coisas de exorcismos sem pés nem cabeça que antigamente seriam monopólios dos padres e que agora com esta estouvada mentira das democracias, já se vê, era arte nova e tresloucada de qualquer um.


E assim andavam. A esguia e alta pavoneava-se de um para o outro lado, sem apresentar cansaço, inquieta, revolta. A pequenelha apontava com a tal coisa, tipo caixa negra, com um vidro na ponta.

Eu, que não sou de ficar quieto, e gosto de dar conta do que se passa na periferia, fui seguindo a excursão. Paravam aqui e ali e tornavam a parar. E sempre o mesmo ritual. Uma espreitava, parecia-me, para dentro do instrumento que apontava na direcção da mocinha engraçadota.


Hummmmmmm... intrigas e mais intrigas. Isto não é coisa para o meu maldito feitio. Enchi-me de brios e atrevido acabei por formular arrojada pergunta a um adjunto, tipo cabo de esquadra, que seguia as duas para todo o lado com um género de um pano redondo, como se fora um grande leque para proteger ou do sol ou de algum mau-olhado que por ali andava.

Que raio de coisa era aquela?




- Uma sessão fotográfica. Era isso mesmo em boa verdade e a bonitinha era uma modelo de nomeada, estrangeira já se vê, disse o rapazola nuns termos como se estivesse a falar com algum maçarico. Achei demasiado. Que fanfarrão.

Uma modelo.... jajjajjaja, de virtudes? Quereria dizer isso? Verdade? Sessão de que fotonáites ou algo parecido?




- Oiiiiiiiiiiii, ó camarada explique isso direitinho. Estava me sentindo cheio de dúvidas. Perplexo com a realidade, que se não afigurava nada normal com a terra, nem com os palavrões demasiado técnicos para o meu entendmento.

E foi assim, à sombra de uma árvore frondosa, e depois de muita conversa com o rapazola que delirava com as minhas ignorâncias de simplório de província, que soube, completamente atónito, o que era a fotografia. Uma arte nova. Que o dito instrumento como que apanhava a pessoa, que não mais se movia, e a segurava até ao fim da vida. No seu interior. Espectáculo. E que ser modelo era coisa muito valiosa. Mais que ministro ou desembargador. Tinham o mundo a seus pés... só assim de fácil abanando o rabo por ali.




As explicações foram tão interessantes que logo, com a minha ousadia própria de quem há-de morrer sem eira nem beira, só, por aí, experimentei um primeiro golpe de magia negra num outro instrumento que por ali tinham. Apontei com a dita, sentia-a tremer nas minhas mãos, confesso, a maquineta e eu. Parecia a primeira vez de outras experiencias cheias de magia e suspense.

Apontei, com um olho fechado e outro no buraquinho e vi lá dentro – upsssssssssssssss que maravilha - a tipa da maquineta dos retratos e a flauzinha vaidosa que me pareceu a mulher mais bonita que alguma vez tinha visto. Não hesitei, como se estivera na guerra das colónias e de metralhadora G3 na mão, carreguei até mais não nos botões. Nuns e noutros, de qualquer jeito. Sem parar.




O homem levantava já as mãos aos céus. Gritava. Temia pela máquina, por mim que podia endoidar, pelas pessoas que arreganhavam os olhos olhando o meu modo desvairado de lidar com a magia. Mas eu não podia deixar de carregar nos botões. Continuava, clicando, sem ousar retirar o dedo, e desse modo, enfrentar toda a ousadia que inconscientemente demonstrara ali, perante todos.

Tirei a foto que se viu. E outras. Tantas que já parecia digno de montar atelier em Paris lá para a banda dos artistas. Eles, bem sei, que não sou tolo, roeram-se de inveja. Jajjajajajaj tantos truques, tantos cursos, tanta técnica e eu, nascido no meio dos campos, sem nunca ter visto nada assim, eu... que fotos.




Foi um encontro que marcou a minha vida. Nunca mais fui o mesmo, como não foi a mesma a terra egípcia depois do encontro imperador romano com a rapariga nariguda do Nilo. Fiquei perigosamente afectado, e tive logo ali, no momento, a percepção de que o meu mundo deixara de ser um caminho rotineiro e muito limitado para se tornar num campo aberto, entre estrelas, e mundos, e grandes luzes.

Acabei, confesso que não tenho qualquer culpa, por ficar um taradinho pelas tais modelos que andam aos pulinhos mostrando promessas de encantar. E, nunca mais me separei de uma maquineta dos retratos, só minha, mesmo minha, muito minha, que agora anda comigo para todo o lado.

Quanto à magricela bonitinha, confesso, ainda hoje penso nela. Caramba, eu e ela, os dois, upsssssssssssssss, teríamos feito uma empresa que seria uma revolução. E quem sabe... sinto uns calores quando a recordo... a sorrir, para a minha máquina, e para mim.

Acabou por ser tudo fácil naquele dia em que o meu mundo mudou; "olha o passarinhoooooooooooo... click". Ainda hoje, sigo por aí feliz, de maquineta dos retratos a tiracolo e confesso-vos – mas não espalhem que é segredo – ainda hoje, quando dobro uma esquina, quando descubro um lugar, olho à procura daquela bela modelo que me faz passar noites sem dormir.



1 comentário:

Sulene disse...

oi Pedro,mais voce si que ficou louco louco por a magrelinha ne,,,,,,jajajajjaja...gostei da sua cronica ,a descripcao e muinto interesante ,gosto da sua manaeira de ver o mundo,da sua maneira de escreber, como voce mistura todos os generos,voce tem tanta cultura geral q me sorprende,q envidia,mas da boa mesmo ta,,voce e muinto relaxado e sem complicacoes,,,sabe ,eu gostaria de ter unma pagina como a sua,,,,so q nao sei nada de esto,,,mas vou averigua como e q se faz ta,pra q voce tamben olhie as meos paisagems,e as minhas coisinhas ,,bom,,,,adorei da sua pagina meu pasarinho,,,,jjajajajaaj,,se cuida .beijos.

A Gente Vai Embora 🙏🏼