Bem do tempo do Neolítico, uns nossos avozitos que se deliciavam a pintar nas rochas, deixaram, ali na freguesia da Esperança, Serra dos Louções, as pinturas rupestres do Abrigo dos Gaivões.
Desde esse tempo das cavernas, dos homens correndo e pulando nos campos de cabelo imenso e em desalinho, com curiosas fatiotas de peles de animais, armados de paus e pedrada bravia, inimagináveis expressões artísticas se mantêm desafiando os elementos, ali bem onde o nosso Portugal parece terminar, e encontramos, preguiçosas, as terras de Espanha.
Trata-se, dizem os entendidos nisto dos calhaus, de um importante complexo de arte rupestre alvo do interesse e estudo de investigadores e arqueólogos da Universidade de Évora e de físicos nucleares das Universidades de Extremadura e Alcalá de Henares (Espanha).
Procuram-se, com a intervenção da ciência e da técnica, às luz dos mais modernos conhecimentos, identificar os compostos inorgânicos minerais presentes nas tintas produzidas e usadas por esse tempo.
Sabe-se, no entanto, que as colorações avermelhadas obtiveram-se, de modo maioritário, com óxido de ferro, que, com toda a segurança, se poderá afirmar, ser recolhido nas proximidades.
Descoberto, sabe-se pelo professor de Albuquerque Aurelio Cabrera é provavelmente o mais decorado dos abrigos rupestres encontrado nesta região. Compõe-se de quatro painéis decorados com cores onde predomina o avermelhado, amarelo e mesmo negro, e onde ressaltam as figuras, três, ramiformes, correspondentes a um ou vários animais, que poderia tratar-se de um bovídeo ou javali e que a imaginação de alguns levou a crer poder tratar-se de um rinoceronte.
Situada na área do Parque Natural da Serra de S. Mamede, o abrigo rochoso de Vale de Junco, ou Lapa dos Gaivões, em pleno Alto Alentejo, a cerca de 10 Km de Arronches, localiza-se no cimo de um pinhal, e justifica, um passeio.
Um olhar, uma quantidade de fotos, um momento de tentar ver e imaginar o que foi, como ainda está ali, e o que podemos fazer, para tirarmos ensinamentos e para assegurarmos que essa realidade deve permanecer respeitada e em bom estado para todos aqueles que depois de nós aqui vierem, e olhem o passado.
É monumento nacional desde 1970.
O abrigo não está isolado sendo que, foram reconhecidos outros dois, na mesma Serra – “Igreja dos Mouros” e “Laje dos Louções”.
1 comentário:
Muito bem Pedro, fiquei com vontade de lá ir ver!
Quem sabe um dia destes me ponho a caminho de lugares maravilhosos que a Natureza possui e tão prodigamente nos dispõe...
Obrigada pela partilha
Abraço terno
BIA
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